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28 dezembro 2010

O que é Apologética?

A palavra “apologética” vem do grego “απολογία” (apologia), que significa “responder, argumentar em defesa”. Com respeito ao cristianismo, a apologética é uma disciplina teológica que, por meio de argumentos, tem os objetivos de demonstrar, resgatar e defender a Verdade Cristã. Vamos entender um pouco melhor esse conceito e, ao mesmo tempo, verificar a importância da apologética para o cristão.
Muitos erram fatalmente ao pensar que o cristianismo não envolve provas, argumentos e essas “coisas” relacionadas à razão. Na verdade, o cristianismo é racional e, de acordo com as evidências, é a opção mais racional a respeito do mundo em que vivemos (veremos sobre isso nos próximos artigos). A respeito do que os cristãos pensam, pode se observar dois extremos: De um lado estão aqueles que não se interessam pelo princípio apologético de fundamentar racionalmente suas crenças, conforme o contexto em que vivem. Não estudam a Bíblia nem analisam com crítica aquilo que ouvem, baseiam suas decisões no “sentir” e são imaturos, levados de um lado a outro ”por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro” (Efésios 4.14). No outro extremo, estão os que superestimam a apologética fazendo dela um fim em si mesma. Geralmente estes estão mais preocupados em ganhar um debate e defender a sua visão de mundo do que de fato demonstrar Jesus. Cristãos cujo modo de viver permanece nesses extremos costumam separar as coisas. Acham que testemunhar Jesus por meio de um estilo de vida é uma coisa e argumentar Jesus por meio da apologética é outra, sendo ambas as formas incompatíveis. Está errado; a questão é encontrar o equilíbrio. Na verdade, a apologética deve estar inclusa no testemunho; é parte integrante dele. Jesus vivia o estilo de vida do Reino e, dentro disso, também argumentava; veja um exemplo disso na Bíblia, em Lucas 11.14-28.
A apologética tem parte importante na missão de demonstrar ao mundo a veracidade do cristianismo. Primeiramente precisamos entender que essa demonstração – que chamamos também de evangelismo – envolve, em primeiro lugar, a prática de uma vida transformada à imagem do caráter de Jesus Cristo. Amor prático, gestos de interesse sincero por outra pessoa e atitudes sábias frente a problemas e situações é o que realmente causa impacto no meio em que um cristão vive. Só que dentro de tudo isso, como algo integrado a esse testemunho prático, e não separado, está a razão e o porquê daquilo que se acredita. As pessoas perguntam sobre as razões de um estilo de vida cristão e também trazem muitos questionamentos e dúvidas. Elas querem saber o motivo de um cristão recusar uma orgia ou uma bebedeira e de não aceitar a proposta do “gato” da TV a cabo do vizinho. As pessoas procuram defender o seu próprio pensamento ou crença, e expressam a sua descrença e ceticismo com relação ao cristianismo por meio de objeções do tipo “Jesus nunca existiu” ou “Deus não é comprovado pela ciência”. Também podem questionar sobre tudo: Gênesis e a criação, inerrância bíblica, o propósito desta vida, fim dos tempos, significado de Jesus Cristo, dinossauros, extraterrestres, etc. É aqui, frente a tudo isso, que a apologética precisa cumprir o seu papel, e cabe ao cristão se preparar de acordo com o contexto em que vive.
Outro objetivo da apologética é a resposta às objeções ou, como é mais comum dizer, a defesa da fé. Dizer que a verdade universal ou que a fé precisam ser defendidas pode parecer estranho. Obviamente, a verdade não deixará de ser verdade e a fé não deixará de ser fé, não importa quantos ataques “verbais” sofram. Mas qual atitude um cristão deve tomar quando aquilo que acredita é questionado ou criticado por alguém, por uma idéia ou por uma religião? Uma atitude de indiferença não pode ser correta, muito menos sair debatendo de modo arrogante. Nada disso. Na medida em que for conveniente, é preciso fazer a diferença e dar a razão daquilo que crê, não para defender um pensamento pessoal ou uma idéia, mas para testemunhar daquilo que é a verdade. Defender a fé significa ter zelo ao invés de uma atitude passiva em meio a um mundo de milhões de idéias opostas que todo dia levam pessoas para longe da salvação. Em 1Pedro 3.15-16 está escrito o seguinte: “[Cristãos], estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando a boa consciência”.
A apologética também tem o objetivo de promover e resgatar a verdade no meio cristão. Falando tanto de cristãos quanto de não-cristãos, o homem, de modo geral, tem a tendência de ajustar a verdade de acordo com o que pensa para evitar mudanças e se sentir confortável. Mas modificar a verdade é criar uma mentira. Definitivamente você pode fundamentar qualquer coisa com a Bíblia, seja uma seita, um movimento, uma filosofia, uma maluquice sua, basta interpretá-la fora do contexto. Quem não aceita a verdade precisa distorcê-la, e nisso são cometidos os mais variados absurdos. Existem muitas igrejas permeadas por doutrinas falsas, fruto de uma liderança de “pastores” charlatões e aproveitadores e de um povo “cristão” passivo que não estuda a Bíblia e que não tem senso crítico. Encontramos na Bíblia, em Atos 7.11, menção aos Bereanos, um povo que mantinha o caráter apologético de examinar as Escrituras diariamente, para ver se o que ensinavam sobre Jesus realmente correspondia. Veja o que diz: “Os Bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo”.
Espero ter cumprido o objetivo de dar uma noção básica do que é apologética. Achei necessário fazer isso antes de prosseguir com outros artigos porque esse é o tema central deste blog. Ainda teria muitas coisas a se considerar, mas é melhor deixar para um momento oportuno. Tudo o que vou compartilhar futuramente tem a ver com o contexto em que vivo e com os assuntos de meu interesse de leitura e aprendizagem. Tenho muito apreço pela ciência, especialmente física, matemática, astronomia, biologia e química; também gosto de coisas filosóficas e históricas. O pensamento comum é que não apenas as ciências que citei, mas a ciência em geral, não apóia o cristianismo porque são conflitantes. Isso acaba trazendo aquela tradicional idéia de que qualquer religião é oposta à ciência e à razão. Em se tratando da verdade, tenho descoberto aos poucos que o cristianismo e a ciência não são conflitantes. Pelo contrário, a ciência corrobora a favor do cristianismo, e revela que ele é uma opção racional, mais racional do que qualquer outra religião, crença ou visão de mundo, incluindo o ateísmo e o agnosticismo. Se você duvida disso, desafio a acompanhar este blog.

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